Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Estado da Paraíba em 1884 e faleceu em 1914 aos 29 anos. Publicou um único livro de poesias, intitulado "Eu". Sua obra reflete a superação das velhas concepções poéticas e a procura de um novo caminho. Utilizou em sua poesia um vocabulário científico, e sua temática mais comum sempre gira em torno da morte, da decomposição da matéria, dos vermes e de uma visão trágica da existência. Uma das poesias de Augusto Anjos “o coveiro” é para mim, particularmente uma obra de arte, me pergunto se realmente o amor atingirá tais proporções como à colocada na poesia.
O coveiro
Uma tarde de abril suave e pura
Visitava eu somente ao derradeiro
Lar; tinha ido ver a sepultura
De um ente caro, amigo verdadeiro.
Visitava eu somente ao derradeiro
Lar; tinha ido ver a sepultura
De um ente caro, amigo verdadeiro.
Lá encontrei um pálido coveiro
Com a cabeça para o chão pendida
Eu senti a minh’alma entristecida
E interroguei-o: “Eterno companheiro
Com a cabeça para o chão pendida
Eu senti a minh’alma entristecida
E interroguei-o: “Eterno companheiro
Da morte, quem matou-te o coração?”
Ele apontou para uma cruz no chão,
Ali jazia o seu amor primeiro!
Ele apontou para uma cruz no chão,
Ali jazia o seu amor primeiro!
Depois, tomando a enxada, gravemente,
Balbuciou, sorrindo tristemente:
— “Ai, foi por isso que me fiz coveiro!”
Balbuciou, sorrindo tristemente:
— “Ai, foi por isso que me fiz coveiro!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário